por Universidade Federal de Viçosa
Apesar da devastação acentuada, a Mata Atlântica abriga enorme riqueza biológica e alto grau de endemismo, características que contribuíram para torná-la um hotspot, que são áreas onde são encontradas grandes concentrações de espécies endêmicas e apresentam altas taxas de perda de habitat (MYERS et al., 2000). Por isso, ações de conservação e, principalmente, de recuperação que venham garantir a manutenção da biodiversidade da fauna e flora, da água, das condições climáticas e de outros serviços ambientais essenciais à manutenção e melhoria da qualidade de vida da população são necessárias na atualidade.
Entre os diversos serviços ambientais prestados pelas florestas, destacam-se o sequestro e estocagem do carbono, em função da intensificação do efeito-estufa e do consequente aquecimento global. Esses fenômenos ocorrem devido ao aumento da concentração dos gases de efeito-estufa, principalmente dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), provenientes de emissões antrópicas.
O crescente aumento da demanda de projetos de MDL, em virtude da ascensão do mercado de créditos de carbono, torna a quantificação do carbono estocado na biomassa florestal ferramenta importante, já que os dados gerados podem ser considerados fontes primárias de informação para a proposição de novos projetos no âmbito do MDL. Além disso, há o reconhecimento de que as florestas constituem o maior reservatório de carbono de todos os ecossistemas terrestres e funcionam, em muitos casos, como sumidouros de carbono, o que corrobora a sua inclusão em projetos de MDL (CAMPOS, 2001). No entanto, ainda existem poucos trabalhos que estimam de forma confiável o estoque de carbono nos diferentes compartimentos das florestas.
Esse fato é evidente quando se considera a Mata Atlântica. Apesar da sua importância biológica, poucos estudos foram feitos com base em medições diretas de biomassa, entre eles o de Tiepolo et al. (2002) e Burger (2005), os quais visaram ao desenvolvimento de modelos alométricos para a estimação de biomassa.
A floresta estudada apresentou biomassa de fuste sem casca de 166,67 t.ha-1, evidenciando-se o potencial de produção primária da Mata Atlântica.
O estoque de carbono médio igual a 83,34 t.ha-1, evidenciando-se a importância da floresta Atlântica no sequestro e fixação de carbono e, consequentemente, contribuindo para a minimização do efeito estufa.
A estimativa do estoque de carbono pode ser usada como referência para o estabelecimento de projetos de florestamento/reflorestamento, no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), estabelecido no Protocolo de Quioto, e gerar os denominados créditos de carbono. Ressalta-se a relevância disso para a Mata Atlântica, em virtude do grande número de áreas degradadas que essa mata possui, as quais poderiam ser passíveis de estabelecimento dos projetos de carbono.