O Brasil está enfrentando um aumento significativo dos eventos climáticos extremos, em envergadura, intensidade e frequência. Em 2024, além da devastação no Rio Grande do Sul, com chuvas entre o final de abril e meados de maio que afetaram mais de 875 mil pessoas, também assistimos a desastres socionaturais em diversos municípios do Rio de Janeiro, onde 100 mil pessoas foram atingidas por enchentes no mês de janeiro.

No segundo semestre, os problemas decorrem da seca recorde na Amazônia e do elevado número de focos de incêndio no Centro-Oeste, Norte e Sudeste do país, cuja fumaça se espalhou e cobriu, em setembro, cerca de 60% do território nacional. O ano de 2023 não havia sido muito diferente, com chuvas torrenciais em São Paulo em novembro, no Rio Grande do Sul em setembro, além de ondas de calor cada vez mais intensas e frequentes,

num período marcado como o mais quente já registrado na Terra. A retrospectiva dos últimos anos materializa o que chamamos de emergência climática ou, como disse o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, a “efervescência global” (global boiling, em inglês); neste relatório, buscamos discutir alguns de seus impactos na sociedade brasileira