por Coordenação ICES-BID; Supervisão e revisão de estudos por parte de ICES-BID;
Redação de estudos base (IDOM – COBRAPE)
Para enfrentar o problema da mudança no clima existem estratégias de adaptação – para as mudanças que já ocorreram e são irreversíveis, e mitigação – buscando diminuir a concentração de GEE na atmosfera e com ela o tamanho da mudança. Com o planejamento adequado, a mudança do clima pode ser encarada como uma oportunidade para a sociedade melhorar seu desempenho ambiental quanto à poluição por GEE. A mitigação vai depender de um diagnóstico preliminar para poder atuar, estabelecendo um ponto de partida para as ações de redução – o inventário de emissões GEE. Este estudo permite quantificar a situação de partida, identificar os setores mais sensíveis e promover o planejamento e monitoramento adequado das ações de mitigação que venham a ser implantadas. O diagnóstico qualitativo das informações complementa a avaliação quantitativa. Este estudo utilizou a metodologia do Global Protocol for Community-Scale Greenhouse Gas Emissions (GPC).
Tanto o GPC como o IPCC dividem basicamente as fontes de emissões GEE entre estacionárias e móveis e dentro dessa divisão encontram-se os setores chaves que geram as emissões. As fontes de emissão mais relevantes, dos chamados setores-chave, são as que dão origem aos dados para a realização dos inventários. No caso do presente estudo, os municípios em questão são Águas Mornas, Antônio Carlos, Biguaçu, Florianópolis, Governador Celso Ramos, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, São José e São Pedro de Alcântara, já os setores chaves identificados foram: AFOLU, Industrial e IPPU, Institucional, Residencial e Serviços, Resíduos e Transportes.
Os limites operacionais estão descritos no GPC BASIC+ e representam os locais onde ocorrem as fontes de emissões do inventário de GEE. Para o caso dos municípios do estudo, as fontes de emissão estão distribuídas em escopo 1 (emissões ocorrentes dentro do limite geográfico de estudo), escopo 2 (consumo de energia elétrica) e escopo 3 (emissões originadas exteriormente, contudo liberadas dentro da região de estudo).
Para a identificação das emissões foi realizado um reconhecimento da região através de visitas de campo, revisão bibliográfica e coleta de dados primários e secundários, assim como entrevistas com especialistas e os grupos de interesse local. Na figura a seguir estão descritos os setores consultados e respectivas informações relevantes distribuídas por escopo de trabalho.
O objetivo principal da iniciativa do BID é contribuir para a melhoria da qualidade de vida nas cidades da América Latina em termos de sustentabilidade ambiental, urbana e fiscal. O inventário de Gases do Efeito Estufa de Florianópolis participa de uma esfera que envolve três temas de forma integrada, denominados respectivamente de Estudo 1, Estudo 2 e Estudo 3, conforme a seguinte descrição:
A análise do conjunto das emissões GEE apresenta uma visão geral do comportamento da região de estudo no nível macro, enquanto os setores apresentam uma análise pormenorizada das fontes de emissão mais significativas. No caso da região de Florianópolis, o diagnóstico quantitativo apresenta o seguinte quadro geral, para o ano de 2013.
O setor de Transportes é o que apresenta a contribuição mais importante para a formação do quadro de emissões GEE da região de estudo, com cerca de 1,8 milhões tCO2e/ano, sendo notável, ainda, o sequestro promovido pelo setor AFOLU, que contribui retirando quase 350 mil tCO2e através das áreas verdes existentes.
O total de emissões, quantificando as remoções das áreas verdes, ficou em 2,0 milhões tCO2e em 2013, com uma emissão per capita de 2,2 milhões de tCO2e/hab. Estando as emissões da região de estudo entre as menores de outros casos estudados, sendo assim, o desafio é crescer economicamente, mantendo e, se possível, melhorando a pegada de carbono da região.
A partir dos resultados de 2013 foi elaborado o Cenário Tendencial Esperado, ou de Negócios Como de Costume – BAU (Business As Usual), que pode ser definido como o futuro das emissões GEE. Na elaboração desse cenário assume-se que não se atuará, de forma específica, para a redução das emissões dos setores geradores, portanto, se ocorrerem mudanças, elas serão apenas por fatores externos. Pelos resultados das projeções, no ano de 2030 as emissões chegam a mais de 2,6 milhões de tCO2e. e em 2050 a 3,5 milhões tCO2e. Portanto, um crescimento relativamente expressivo em 37 anos. Em termos de setores-chave, o de Transportes tem destaque absoluto, sendo, portanto, o maior contribuinte para geração de emissões GEE ao longo do período simulado.
Com base no cenário BAU e na realidade da região, traçou-se um plano de ação de mitigação, resultando num Cenário de Crescimento Inteligente (Smart Growth). Esse plano é composto de 16 linhas de ação, 5 para o setor de AFOLU que atualmente já apresenta grande potencial de neutralizar as emissões, 7 para Transportes, por ser o setor mais crítico, uma para Industrial e IPPU, mais uma para Residencial e Serviços e outra para Resíduos, além disso, foi proposta uma ação transversal, que trata dos pagamentos por serviços ecossistêmicos. Neste cenário, as emissões saem de 2,0 milhões tCO2e em 2013 para apenas 1,9 milhões tCO2e em 2050, portanto, em 2050, se comparados os cenários BAU e Smart Growth, tem se uma diferença de 1,6 milhões de tCO2e, redução anual bastante significativa, que se torna ainda mais impactante quando olhado o cenário de 37 anos.
Através dos dois cenários projetados concluiu-se que o crescimento das emissões é algo que pode ser controlado, mesmo que ocorra crescimento populacional e da renda na, porém, se as 16 linhas de ação, propostas a seguir, forem colocadas em prática, as emissões GEE certamente serão menores em relação à sua evolução tendencial.