por Alessandra Dantas Brito
Os debates sobre o tema da descarbonização no setor marítimo exercem cada vez mais importância nas agendas nacional e internacional, particularmente no contexto da Agenda 2030 e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). Adota-se a hipótese de que o primeiro acordo climático global para transporte marítimo internacional, a Estratégia Inicial, constitui um marco histórico e facilitará a transição do setor para uso de energias limpas e aumento da sustentabilidade.
Portanto, esta pesquisa surgiu a partir da problematização inicial sobre a relação do meio ambiente e as relações internacionais. Entende-se que a reflexão sobre a gestão da crise ambiental e como ela atravessa as tradicionais fronteiras territoriais de Estados, envolvendo diversos atores internacionais, é de grande relevância no cenário atual.
Alternativas para mitigação de gases de efeito estufa (GEE) O Brasil já possui um setor de energia com baixo consumo de carbono, e isso é devido à distribuição de sua cadeia energética. A maior contribuição vem do petróleo e seus derivados, seguido pela biomassa de cana, gás natural, energia hidráulica, vento, biodiesel e outras biomassas. Seguindo esse exemplo, o transporte marítimo conta com inúmeras opções para ajudar na redução do teor de enxofre para atingir a meta da IMO de 0,5% para 2020. Dentre essas opções estão os depuradores, a redução da velocidade, a limpeza da hélice, o uso de gás natural (GNL) e combustíveis alternativos como o já oferecido pela Petrobrás, que é um blend do bunker que já era usado com 0,38% de teor de enxofre. Essas são as opções mais eficientes disponíveis atualmente para a redução no consumo de combustíveis no transporte marítimo (CENERGIA, 2018). Algumas outras alternativas já estão sendo estudadas e implementadas para um futuro de zero emissões de carbono pelo transporte marítimo, como o uso de bateria, mas, até então, esse modelo só é viável para distâncias pequenas. No caso do Brasil, que está distante dos principais centros consumidores, a dificuldade se torna ainda maior, já que as adaptações no setor vão acabar impactando no valor do frete e no preço dos produtos para o consumidor final.
Eficiência energética: Existe uma grande variedade de medidas que podem ser usadas para melhorar a eficiência energética dos navios (AMMAR, 2018). Medidas elétricas e mecânicas podem ser aplicadas usando a recuperação de calor residual e pipas (Altsole et. al., 2017). Essas pipas são parecidas com as utilizadas na prática de kitesurf, e usam a energia do vento para auxiliar no deslocamento do navio.
Biocombustíveis: A transição do HSFO, um combustível com alto teor de enxofre, para o LSFO, um combustível com baixo teor de enxofre, é o maior desafio para a redução das emissões. No entanto, alguns combustíveis já estão sendo oferecidos para atender à norma da IMO, e consistem em uma mistura ou blend de combustíveis já usados.
Foi possível observar a urgente necessidade de alinhar o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade. A degradação dos recursos naturais é um alerta para criar inovações tecnológicas que possam atender a demanda mundial por energia e recursos, mas de forma equilibrada com o ecossistema. No intuito de proteger e preservar o meio ambiente, algumas medidas devem ser tomadas para conter e reparar danos causados pela queima de combustíveis fósseis na atmosfera.
Nesse contexto, a redução das emissões de CO2 do transporte marítimo internacional será uma grande contribuição. O Brasil, que é um país rico na produção de biomassa e com experiência em processos de refino de petróleo, mostra avanços inovadores que visam atender ao setor marítimo. Contudo, apesar de terem sido apresentadas alternativas viáveis para atingir a meta da IMO, a posição do país ainda é vulnerável em relação aos seus principais concorrentes no mercado internacional. Outro fator agravante é a distância da costa brasileira do seu principal mercado consumidor, o Extremo Oriente.