por João Luiz Nicolodi e Rafael Mueller Petermann
Segundo a metodologia proposta pela COI (2009), cinco etapas são necessárias para a elaboração de planos nacionais e regionais de adaptação a mudanças climáticas: 1) Identificação e quantificação de riscos; 2) Mensuração da vulnerabilidade; 3) Avaliação de riscos; 4) Sensibilização da sociedade; 5) Mitigação. O presente estudo trata dos passos 1 e 2, que são a base do conhecimento necessário para a definição das demais etapas.
Para a confecção do mapa síntese de vulnerabilidade da zona costeira do Brasil foram utilizadas as informações geradas no MDZCM (Nicolodi & Zamboni, 2008) no que se refere ao risco natural, risco social e risco tecnológico. Aos resultados de tais cruzamentos foram inseridas informações espaciais referentes à dinâmica populacional, geomorfologia, uso e ocupação da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e biodiversidade . Em todos os casos foram utilizadas rotinas próprias de geoprocessamento mediante a utilização dos softwares IDRISI e ARCGIS.
As cartas de risco natural constituem-se em um produto direto da combinação de aspectos altimétricos com dados populacionais, acrescidos da avaliação dos graus de vulnerabilidade às inundações por eventos meteorológicos extremos, chuvas intensas e perspectivas de elevação do nível do mar.
Na ponderação dos fatores, a combinação de regiões densamente povoadas, altitudes inferiores a 10 m e presença de erosão marinha foi considerada o indicador mais crítico para a vulnerabilidade ambiental costeira às inundações. O potencial de risco pôde, então, ser avaliado a partir do cruzamento dessas informações com os dados populacionais por subdistrito.
Em relação à definição do risco social foi utilizado, como dado de fundo, o nível de renda em função da parcela da população que recebe até 3 (três) salários mínimos, tomando-se os resultados do censo 2000 do IBGE por distritos.
Em relação ao risco tecnológico, os dados utilizados são oriundos de fontes ditas tecnológicas, como por exemplo, unidades geradoras de energia e indústrias. A metodologia de construção das mesmas se deu em função do número de empregados nas indústrias, por município, em relação ao potencial poluidor do tipo de indústria. A definição de potencial poluidor seguiu a metodologia proposta pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) – Ministério do Trabalho (2002).
A definição da vulnerabilidade da costa brasileira se deu em cinco níveis hierárquicos, seguindo as mesmas classes definidas para os riscos social, tecnológico e à inundação. Para as operações de cruzamento dos dados foram assim definidos valores relativos a estas classes: Muito Baixa Baixa >1 e 2; Média >2 e 3; Alta >3 e 4; Muito alta >4 e 5.