Secretaria Municipal do Clima de Niterói

Riscos geotécnicos e vulnerabilidade social em zonas costeiras: desigualdades e mudanças climáticas

por Allan Yu Iwama, Mateus Batistella e Lúcia da Costa Ferreira

Resumo

As zonas costeiras são áreas de potenciais riscos ambientais, sobretudo no contexto de eventos climáticos extremos. Há uma importante parcela da população vivendo em zonas costeiras, enfatizando a importância de caracterizar as situações de riscos e vulnerabilidade nesta região. Este trabalho realizou uma análise na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHi-3) – Litoral Norte de São Paulo e sub-bacias, indicando a distribuição de riscos geotécnicos associados a: escorregamentos em áreas potenciais de ocupação (12,3%), de inundação (1,8%) e recalques dos solo (13,5%). Os resultados apontam para uma situação de pelo menos dez anos de áreas que têm permanecido em condições de alta vulnerabilidade social, situadas em áreas de riscos geotécnicos considerados de alta/muito alta suscetibilidade, além de um contraste socioespacial das populações em risco. Por fim, apesar de incipiente, há uma perspectiva positiva para a redução de riscos e desastres, com a implementação de políticas públicas orientadas para uma integração de instrumentos de gestão territorial.

Problema a ser solucionado

A urbanização nas cidades brasileiras e considerando o aumento da intensidade e frequência de eventos extremos climáticos (IPCC, 2012; WMO, 2013), aceleram a tendência de aumento expressivo das situações de vulnerabilidade (social e ambiental) nas zonas costeiras (HOGAN et al., 2001; CARMO e SILVA, 2009; MELLO et al., 2010; 2012).

Descrição

Foram organizados dois grupos de variáveis, (i) meio físico e (ii) sociodemográficas, em um Banco de Dados Geográficos em ambiente SIG, a fim de distribuir espacialmente as áreas de riscos geotécnicos e os índices de vulnerabilidade social. Foram aplicadas operações algébricas dos mapas digitais para a análise, resultando em áreas potenciais a riscos geotécnicos e em situação de vulnerabilidade social (2000-2010).

(i) No primeiro grupo mapas digitais riscos geotécnicos aos processos do meio físico  produto de dados geológicos de relevo, material não-consolidado e rocha, em face à ocupação antrópica (DINIZ, 1998; 2012), obtido no IPT (1994) em escala 1:500.000. O mapeamento de riscos geotécnico foi organizado segundo três principais classes: escorregamentos (e/ou processos de movimentos de massa); inundações e recalques do solo associados com o movimento de marés segundo Mendes (2009), recalque ou subsidência do solo é o termo utilizado em engenharia civil para designar o fenômeno que ocorre quando uma edificação sofre um rebaixamento devido ao adensamento do solo sob sua fundação.

Além de dados de riscos geotécnicos, foram organizados os mapas digitais de altimetria (Modelo Digital de Elevação) e declividade (em escala 1:50.000), para auxiliar a análise em áreas consideradas de baixa altitude, onde normalmente são mais densamente povoadas ou urbanizadas (McGRANAHAN et al., 2007; UN, 2007) e, direta/indiretamente, susceptíveis aos riscos de inundações, recalques do solo associados com as marés. Essas áreas também estão sujeitas aos extremos climáticos, que podem desencadear os riscos acima mencionados.

Além desses dados, foram obtidos os mapas digitais de riscos de escorregamentos/deslizamentos e inundação (IG-SP, 2006a, b, c; UNESP, 2006; IPT, 2010), em escalas entre 1:1.800 e 1:3.000, para uma análise mais detalhada em algumas sub-bacias.

No grupo de (ii) variáveis sociais foi analisado o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) para o período 2000-2010, que se baseia em dois pressupostos: (1) na agregação dos indicadores de renda com os de escolaridade e ao ciclo de vida familiar; (2) na identificação de áreas segundo o grau de vulnerabilidade de sua população residente (SEADE, 2000). O IPVS (2000) define seis grupos de vulnerabilidade, entre Nenhuma Vulnerabilidade (Grupo 1) e Vulnerabilidade Muito Alta (Grupo 6). O IPVS (2010) preservou alguns dados para permitir a comparação do período 2000-2010, além de incorporar o indicador de renda domiciliar per capita, a situação do setor censitário como aglomerado subnormal (favela) e sua localização (urbana ou rural). Na prática, no grupo de alta vulnerabilidade o IPVS (2010) foi segmentado em dois grupos: alta vulnerabilidade (setores urbanos) e alta vulnerabilidade (setores rurais), totalizando sete grupos de vulnerabilidade social (SEADE, 2013).

Allan Yu Iwama, Mateus Batistella e Lúcia da Costa Ferreira

Responsáveis

Allan Yu Iwama, Mateus Batistella e Lúcia da Costa Ferreira

Anexos